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segunda-feira, 1 de março de 2021

Perfil de pesquisador - Isobel Atwood Wayland

Nesta semana temos a expressiva entrevista com um dos membros de destaque em nosso departamento de Ciências Naturais, a pesquisadora quartanista, srta. Isobel Atwood Wayland, também autora do Manual de Espécimes Marinhas Peculiares de Providence, juntamente ao seu tio-avô, o caríssimo doutor Howard Willconson Atwood, renomado explorador e pesquisador de nossa magnífica Universidade Miskatonic.

Com apenas 2 anos de carreira acadêmica, a srta. Atwood Wayland conseguiu uma proeza que poucos estudantes e professores atingiram: a catalogação sistemática de espécies coletadas durante as explorações no litoral leste de nosso amado país, pela Equipe Azzure. Um feito de porte intelectual inigualável e que chamou atenção dos circuitos de estudo em biologia marinha, zoologia e criptologia. No grosso tomo de quase 600 páginas, o Manual tornou-se referência para pesquisadores da área e entrou na bibliografia básica dos cursos de nossa magnífica Universidade.

Na edição anterior tivemos a honra de receber uma revisão crítica sobre o tomo por nosso ilustre professor Antony Wilburn Vincent e também um pequeno texto de apresentação do autor principal, o doutor professor Atwood - fizemos algumas perguntas sobre o livro, a carreira acadêmica e suas experiências como estudante de Universidade Miskatonic e srta. Atwood Wayland nos respondeu prontamente em seu lugar de pesquisa: o laboratório de espécies raras do Departamento de Zoologia.

M.P.: Primeiramente agradecemos por nos ceder essa entrevista breve e parabenizamos pelo livro lançado! Como está se sentindo?

W: Orgulhosa do trabalho final e como está sendo usado pelos colegas de pesquisa, mas aliviada, na verdade! (risos) Foram dois anos de trabalho árduo na compilação desse tomo e esperávamos finalizar antes da Primavera... A intenção era que tudo estivesse pronto para a Exposição do Museu de Ciências Naturais, mas felizmente tivemos que passar por uma reformulação antes de finalizar...

M.P. : Oh em nossa edição de aniversário estivemos com os exploradores do Antártida, eles foram gloriosos em sua jornada!

W: Sim, esse foi o nosso pequeno desvio de tarefas (risos)! A Expedição Azzure fez um impressionante trabalho na costa do atlântico sul e não esperávamos a quantidade de novas aquisições que eles trouxeram. Foi uma pausa inesperada, mas compreensível, nossos companheiros pesquisadores estão fazendo o máximo que podem para nos ajudar a desvendar os mistérios ainda não estudados das profundezas do Oceano e dos confins da Terra.

MP: Fale mais sobre como está sendo a sua experiência na magnífica Universidade Miskatonic, são poucas mulheres que se sentem a vontade em estarem ativamente no meio acadêmico.

W: Creio que esse conceito deva ser repensado pelos nossos ilustres colegas de pesquisa, há poucas mulheres, pois há poucas oportunidades de ingresso em um lugar de educação racional e científica como nossa querida Miskatonic. Sei que fui privilegiada por ter meu tio como mentor e tutor durante a jornada até chegar aqui, mas há várias de nós que anseiam em estar em posições de serem educadas e de fazerem o bem para a sociedade em instituições de educação superior.

MP: Você acredita nos ideias sufragistas que estão se espalhando pela América? Acha que talvez isso possa dar mais espaço para jovens mulheres a estarem aqui?

W: Não acompanho o desenvolvimento do movimento citado, pouco sei de suas proposições, mas sou a favor de uma reavaliação de propósitos dentro das Universidades Americanas. Temos muito com o que contribuir com a Ciência, as Artes e a Sociedade. E temos muito que aprender com nossos colegas acadêmicos para conseguirmos nos igualar em conhecimento e perícia.

Estar na melhor Universidade do mundo também favoreceu a desenvolver essa curiosidade em prol de algo palpável, útil, alcançável por outros pesquisadores. Há muito o que se trilhar dentro da Biologia Marinha e temos colegas realmente empenhados em fazer trabalhos maravilhosos para que o mundo saiba o que se encontra em nossos mares e rios.

MP: Por que Biologia Marinha? Há um nicho de jovens estudantes que preferem as Ciências Médicas como Enfermagem, Psicologia ou Assistência Social.

W: Novamente repito que devemos rever nossos conceitos sobre o assunto. Há lugar para todos se assim quisermos coexistir. Imagine que cerca de 98% de nossos oceanos ainda não foram explorados e suas espécies catalogadas. O que fizemos no livro não atende nem a 0,5/ da fauna marinha do atlântico norte, como podemos nos contentar com apenas 2% de conhecimento sobre algo que permeia nosso planeta?
Tenho predileção em estudar com outros departamentos em minhas pesquisas, Biologia Marinha me faz rever conceitos de outros pesquisadores e meus principalmente. Gosto de entender como as coisas funcionam e gostaria muito de desvendar pelo menos algumas porcentagens desse mistério que nos cerca, que se chama o Grande Oceano.

MP: Quais são seus hobbies? Você tem tempo livre, mesmo com tantos afazeres?

W: Devo dizer, assim como qualquer estudante quartanista, não tenho tempo para coisa alguma (risos). Este ano tem sido completamente dedicado a Expedição Azzure e suas amostras. A partir delas que estamos traçando um nova edição para o Manual.

MP: Um novo manual? Uau, vocês não perdem tempo!

W: (risos) (srta. Wayland mostra uma pilha significativa de papéis em um canto do laboratório)
Essa foi a pequena pausa que tivemos na finalização antes da Primavera. Agora há mais relatos e registros para se organizar, transcrever e alterar.

MP: Diga um pouco sobre como é seu trabalho aqui.

W: Passo boa parte do dia na biblioteca principal. Lá que estão as pistas que preciso para desvendar algumas lacunas dos textos. Entenda, nossos caros colegas de expedição, em sua maioria, não são letrados ou versados em biologia, mas sabem descrever as diferentes criaturas com que testemunharam. Tudo aqui se resume a credibilidade do relato e como prová-lo. Na biblioteca há uma seção de bons livros que possam desvendar os pedaços de narrativas que recebemos.

MP: qual conselho você daria para jovens mulheres de sua idade que desejam trilhar as sendas da ciência moderna?

W: Não façam esse tipo de pergunta novamente.